Nasceu a 15 de agosto de
1890, em Itarana. Faleceu na mesma cidade em 1954. Era filho dos italianos
David Frizzera e Francisca Casagrande, comerciantes em Itarana.
Na adolescência, os pais o
encaminham ao colégio católico, mantido pelos franciscanos em Santa Teresa,
denominado Ítalo-Brasileiro. Não chegou a concluir os estudos, uma vez que não
aceitava a disciplina imposta pelos frades, nem a exigência de ter de seguir os
dogmas religiosos. Abandonou a escola, mas não a curiosidade e a vontade de
conhecer. Mesmo depois de retornar a Itarana e passar a trabalhar no comércio
da família, continuou lendo muito, adquirindo livros de literatura e de outras
áreas do saber, formando mesmo uma biblioteca considerável para a época.
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Marialba Firzzera Ferreira
Autor: João Baptista Frizzera
Data: 1943
Dimensões: 11,5 x 8 cm (diâmetro do oval);
12,7 x 8,5 cm.
Acervp: Juranda Frizzera Ferreira.
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Foi comerciante em ltarana
até 1917, ano em que permaneceu algum tempo em Cachoeiro de Santa Leopoldina,
acompanhando a esposa, hospitalizada para se recuperar de um problema de saúde.
Nesse período, teve contato com um fotógrafo local, que lhe deu algumas lições
e lhe forneceu alguma bibliografia, que ensinava como fotografar, preparar as
químicas e revelar os negativos de vidro. A partir daí, adquire várias obras
sobre o assunto, aprofunda as pesquisas sobre química fotográfica e como obter
tonalidades de sépia e outras cores, aprende a retocar e a colorir as imagens
com tintas importadas. O interesse pelas imagens leva-o a abandonar o comércio
para dedicar todo o seu tempo à fotografia. Passa a trabalhar como fotógrafo
profissional, viajando por diferentes regiões do Estado para atender encomendas
de retratos e para documentar cerimônias sociais e religiosas, o que exigia que
permanecesse às vezes alguns dias num mesmo local. A imprensa da época faz
inúmeras referências às localidades por onde circula o fotógrafo: Regência,
Colatina, Afonso Cláudio, Boa Família (atual ltaguaçu), etc. Registrava também
cerimônias de formatura, chegando a receber solicitações até de ltabira, Minas
Gerais. Revelava também os filmes de fotógrafos itinerantes que passavam por
ltarana, uma vez que, além de ser o único fotógrafo local, possuía um
laboratório próprio e um estúdio bem montado, com cortinas, móveis entalhados e
estofados de cetim, adquiridos no Rio de Janeiro, e objetos variados, para
compor um cenário ilusório, comparado aos mais renomados dos centros maiores.
Fez também documentários e reportagens, entre os quais a construção da ponte
sobre o rio Santa Joana, na rodovia Figueira - Afonso Cláudio, e a variante do
Wilson, na rodovia Figueira - Santa Teresa, em 1929.
Procurava atualizar-se sempre, pesquisando todas as novidades das indústrias químicas e usando variados recursos que apareciam, inclusive o flash a pólvora. Trabalhava com diferentes técnicas e processos fotográficos, imprimindo inclusive retratos com esmalte, sobre porcelana, queimando as tintas num pequeno forno.
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Casa Comercial em Afonso Cláudio. Autor: João Baptista Frizzera. Data: ceca de 1927. Dimensões: 18 x 24 cm. Reprografia: Alex Sandra. |
Sensível e dedicado, foi
muito solicitado em toda a região de Itarana. Enquadrava seus retratos em
branco e preto, sépia ou coloridos com aquarela, predominantemente em formatos
ovais. Conseguia harmoniosos efeitos de luz e sombra, que lhe possibilitavam
criar uma gama de contrastes e sutilezas tonais, artifício que lhe permitia
tirar partido dos modelados. Fez também fotos de vistas de ruas, arquitetura,
paisagens, interessando-se em especial pelo pôr-do-sol, como atestam por
exemplo as belas imagens e as perfeitas composições que produziu da lagoa
Juparanã, em Linhares, algumas das quais publicadas na revista Vida Capichaha.
Assinava as fotografias: J.
B. Frizzera ou simplesmente Frizzera.
A profissão de fotógrafo
teve continuidade através de seu filho Rubens Frizzera, que mantém até hoje o
estúdio do pai em atividade.
Referência:
LOPES, Almerinda da Silva. Memória
aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba, 1850/1950. [Vitória, ES?]:
EDUFES, 2002.
Fonte: Depoimento da filha do fotógrafo Jurandir
Frizzera Ferreira e do genro dele Antoruo Machado Ferreira, à autora, em agosto
de 1998.
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