domingo, 27 de maio de 2018

JOÃO BAPTISTA FRIZZERA

Nasceu a 15 de agosto de 1890, em Itarana. Faleceu na mesma cidade em 1954. Era filho dos italianos David Frizzera e Francisca Casagrande, comerciantes em Itarana.
Na adolescência, os pais o encaminham ao colégio católico, mantido pelos franciscanos em Santa Teresa, denominado Ítalo-Brasileiro. Não chegou a concluir os estudos, uma vez que não aceitava a disciplina imposta pelos frades, nem a exigência de ter de seguir os dogmas religiosos. Abandonou a escola, mas não a curiosidade e a vontade de conhecer. Mesmo depois de retornar a Itarana e passar a trabalhar no comércio da família, continuou lendo muito, adquirindo livros de literatura e de outras áreas do saber, formando mesmo uma biblioteca considerável para a época.
Marialba Firzzera Ferreira
Autor: João Baptista Frizzera
Data: 1943
Dimensões: 11,5 x 8 cm (diâmetro do oval); 
12,7 x 8,5 cm.
Acervp: Juranda Frizzera Ferreira.
Em 1911, casou-se com Ercília Carvalho (nascida em 1889), com quem teve os filhos Jurandir e Rubens.
Foi comerciante em ltarana até 1917, ano em que permaneceu algum tempo em Cachoeiro de Santa Leopoldina, acompanhando a esposa, hospitalizada para se recuperar de um problema de saúde. Nesse período, teve contato com um fotógrafo local, que lhe deu algumas lições e lhe forneceu alguma bibliografia, que ensinava como fotografar, preparar as químicas e revelar os negativos de vidro. A partir daí, adquire várias obras sobre o assunto, aprofunda as pesquisas sobre química fotográfica e como obter tonalidades de sépia e outras cores, aprende a retocar e a colorir as imagens com tintas importadas. O interesse pelas imagens leva-o a abandonar o comércio para dedicar todo o seu tempo à fotografia. Passa a trabalhar como fotógrafo profissional, viajando por diferentes regiões do Estado para atender encomendas de retratos e para documentar cerimônias sociais e religiosas, o que exigia que permanecesse às vezes alguns dias num mesmo local. A imprensa da época faz inúmeras referências às localidades por onde circula o fotógrafo: Regência, Colatina, Afonso Cláudio, Boa Família (atual ltaguaçu), etc. Registrava também cerimônias de formatura, chegando a receber solicitações até de ltabira, Minas Gerais. Revelava também os filmes de fotógrafos itinerantes que passavam por ltarana, uma vez que, além de ser o único fotógrafo local, possuía um laboratório próprio e um estúdio bem montado, com cortinas, móveis entalhados e estofados de cetim, adquiridos no Rio de Janeiro, e objetos variados, para compor um cenário ilusório, comparado aos mais renomados dos centros maiores. Fez também documentários e reportagens, entre os quais a construção da ponte sobre o rio Santa Joana, na rodovia Figueira - Afonso Cláudio, e a variante do Wilson, na rodovia Figueira - Santa Teresa, em 1929.

Casa Comercial em Afonso Cláudio. Autor: João Baptista Frizzera. Data: ceca de 1927. Dimensões: 18 x 24 cm. Reprografia: Alex Sandra.
Procurava atualizar-se sempre, pesquisando todas as novidades das indústrias químicas e usando variados recursos que apareciam, inclusive o flash a pólvora. Trabalhava com diferentes técnicas e processos fotográficos, imprimindo inclusive retratos com esmalte, sobre porcelana, queimando as tintas num pequeno forno.
Sensível e dedicado, foi muito solicitado em toda a região de Itarana. Enquadrava seus retratos em branco e preto, sépia ou coloridos com aquarela, predominantemente em formatos ovais. Conseguia harmoniosos efeitos de luz e sombra, que lhe possibilitavam criar uma gama de contrastes e sutilezas tonais, artifício que lhe permitia tirar partido dos modelados. Fez também fotos de vistas de ruas, arquitetura, paisagens, interessando-se em especial pelo pôr-do-sol, como atestam por exemplo as belas imagens e as perfeitas composições que produziu da lagoa Juparanã, em Linhares, algumas das quais publicadas na revista Vida Capichaha.
Assinava as fotografias: J. B. Frizzera ou simplesmente Frizzera.
A profissão de fotógrafo teve continuidade através de seu filho Rubens Frizzera, que mantém até hoje o estúdio do pai em atividade.
Referência: LOPES, Almerinda da Silva. Memória aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba, 1850/1950. [Vitória, ES?]: EDUFES, 2002.
Fonte: Depoimento da filha do fotógrafo Jurandir Frizzera Ferreira e do genro dele Antoruo Machado Ferreira, à autora, em agosto de 1998.

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