domingo, 27 de maio de 2018

FRANS FEIGL e FELIX BARTELS

Nasceu em Wiibkerch, na Áustria, no dia 6 de junho de 1854. Pouco depois de completar 37 anos (no ano de 1891), Frans Feigl chega ao Brasil, como ímígrante, transferindo-se para Domingos Martins, conforme registro de entrada de imigrantes, no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Ali se casa com Emília Braun. Embora se desconheçam outros detalhes de sua vida e formação, já desenvolvia no país de origem, ao que tudo indica, a profissão de fotógrafo, uma vez que aqui não exerce a atividade de agricultor, passando a atuar como professor e a dedicar-se à produção de ícones fotográficos. No Espírito Santo; passa a comercializar retratos junto aos imigrantes, trabalho que exigia que se deslocasse, a pé ou a cavalo, em longos trajetos, por caminhos mal delineados e de difícil acesso. No ano de 1893 é citado exercendo a função de gerente da casa comercial ''A Flor da Bahia", loja essa que também se dedicava à venda de imagens fotográficas, conforme informa O Estado do Espírito Santo. Abriu, no início da década de 1890, un ateliê cm Vitória, à rua 7 de Setembro, 25, que permanecia fechado durante as temporadas em que o artista saía em viagem pelas ex-colônias agrícolas:


Família não identificada, Santa Leopoldina. Autor: Felix Bartels - Photografo - Desenhista (carimbo verso). Data 1896.
Dimensões: 16,4x22,7 cm; 29,5x36 cm (suporte decorado). Acervo: Museu do Colono, Santa Leopoldina.
O conhecido photographo Frans Feigl reabriu seu atelier à rua 7 de Setembro n. 25, nesta capital.(1)
Transfere, no ano de 1895, o seu empreendimento fotográfico para a Rua Pereira Pinto, 6, conforme informa a imprensa:
Do inteligente photographo Franz Feigl recebemos 3 photographias da estação de Vianna, tiradas por ocasião de ser inaugurada a estrada de ferro, no dia 13 do corrente. Agradecemos a oferta e chamamos a attenção do publico para os trabalhos do Sr. Frans Feigl que existem em exposição em seu atelier à Rua Pereira Pinto, nesta Capital.(2)
Retrato de M. Hoefig. Autor: Felix Bartels, 
Photografo Desenhista (carimbo no verso).
Data: 1897.
Dimensões: 14,5x10 cm;
16,5x10,5 cm (suporte)
Acervo: Museu do Colono, 
Santa Leopoldina
Em 1896, volta a viver e atuar em Domingos Martins, transferindo o estúdio da Capital ao conterrâneo Felix Bartels, conforme informa o Commercio do Espírito Santo:
O abaixo assignado declara que abriu seu atelier photographico no mesmo predio aonde funccionou o athelier photo-graphico do sr. Franz Feigl.
Espera a coadjuvação do povo victoriense e de todo o Estado, garantindo desde já a perfeição em seus trabalhos, pela longa pratica que tem da arte, pois tem processos novos inalteraveis de platynotipia.
O abaixo assignado trabalhou por espaço de 4 annos na Companhia Photographica da Capital Federal e bem assim em muitos estados do Brazil.(3)
Ainda no ano de 1896, o jornal Commercio do Espírito Santo publica várias notas publicitárias do ateliê de Bartels, entre elas:
O sr. Felix Bartels, com atelier montado nesta CapitaI, tendo exposto à venda excellentes photographias do maestro Carlos Gomes. Vimos um desses trabalhos que nada deixa a desejar em perfeição.(4)
Acha-se exposto na vitrine da joalheria Mayer Roubach, um retrato do sr. Felix Bartels. É uma obra bem acabada demonstrando a perícia com que trabalha o Sr. Bartels(...).(5)
Casal Dietrich e Bruske. Autor: Franz Feigl. Data: c.1892.
Dimensões: 10x13,8 cm; 20,4x25,5 cm (suporte).
Acervo: Joel Guilherme Velten.
Depois de interromper as atividades do empreendimento, em razão de viagem ao Rio de Janeiro, onde os fotógrafos adquiriam as chapas, os produtos químicos e toda a gama de material específico para a elaboração das imagens, uma vez que não havia em Vitória nenhuma casa especializada nesse gênero de produtos, Bartels anunciava, no início de 1897, a aquisição também de novos equipamentos:


Photographia Victoriense - Rua Pereira Pinto, nº. 6. O proprietário deste estabelecimento artístico communica aos seus numerosos amigos e fregueses que acha-se de volta da sua viagem à Capital Federal d'onde trouxe excellentes aparelhos novos da sua arte. O atelier acha-se aberto das 9 horas da manhã até as 4 horas da tarde. Garante-se a maior possível perfeição nos trabalhos e modicidade nos preços. Felix Bartels - Photographo - Desenhista.(6)
Emilie Auguste Henriette Brawn
(fotopintura)
Autor: Franz Feigl.
Data: 05/12/1891.
Dimensões: 19,5x14 cm.
25x18 cm. (suporte)
Acervo: Joel Guilherme Velten.
Após o término da I Guerra Mundial, Feigel deixa a esposa e os filhos em Domingos Martins e volta à Europa, onde faleceu em data incerta. O empreendimento fotográfico de Bartels foi adquirido, no ano de 1897, por Antonio Cappelletti.
Notas: (1) O Estado do Espírito Santo, Vitória, 03 janeiro 1895, p.1
(2) Commercio do Espírito Santo, Vitória, 23 jul. 1895, p.1.
(3) Photographia Victoriense", Id. Ib., 01 jul. 1896, p. 4. Em propagandas posteriores, Felix Bartels infoma que colocou à venda, na vitrina da joalheria Mayer Roubach, reatratos do maestro Carlos Gomes e do Presidente do Estado, bem como que exercerá um também a sua profissão em Cachoeiro de Santa Leopoldina, Pau Gigante e Santa Cruz. (Cf. Commercio do Espírito Santo, 10 set, 1896, p.4; 22 set 1896, p. 1; 28 set 1896, p. 2 e 26 set. 1896, p.2).
(4) Commercio do Espírito Santo, Vitória, 10 set. 1896, p.2.
(5) Id., 27 jan. 1897, p.4.
(6) Id., 25 set. 1896, p.2.
Referência: LOPES, Almerinda da Silva. Memória aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba, 1850/1950. [Vitória, ES?]: EDUFES, 2002
Fontes: Commercio do Espírito Santo, Vitória, 1895 -1896.
Depoimento de D. Almerinda Feigel à autora (LOPES, Almerinda da Silva. Memória aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba, 1850/1950. [Vitória, ES?]: EDUFES, 2002), em março de 2001.
O Estado do Espírito Santo, Vitória, 1895-1899.


Família de Cristiano Woeffel.
Autor: Felix Bartels - Photografo - Desenhista (carimbo verso)
Data: 1896.
Dimensões: 22,8x16,5 cm; 36x30 cm (suporte decorado).
Acervo: Museu do Colono, Santa Leopoldina.

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2. Em junho de 1896 Felix Bartels, proprietário da Photographia Victoriense, anunciava ao público a abertura de seu estabelecimento "no mesmo predio onde funccionou o athelier photographico do Sr. Franz  Feigel. Promovia    seu trabalho e platinotipia e acrescentava que havia trabalhado durante quatro anos na Companhia Photographica da Capital Federal e em outros estados do país. (Commercio do Espirito Santo, 19 jun. 1896, p.3) (O mesmo anúncio foi  também publicado no periódico O Estado do Espirito     Santo em 19 ediçoes entre os meses de junho e julho.) O  fotografo mencionado por Bartels, seu antecessor no mesmo endereço,       pode  tratar-se de Franz  Feigl (ou Feigel), que, em 1901, exercia a profissão na remota, localidade de São Joaquim, no Estado do Amazonas. No início do ano        seguinte comunicava que            se achava de volta da sua viagem a Capital Federal, de onde "trouxe  excellentes aparelhos novos de sua arte" (Commercio do Espirito Santo, 30 jan. 1897, p.4). O fotógrafo publicou o mesmo anúncio em várias edições do mesmo periódico até o princípio de março. Neste mês vendeu o estabelecimento, provavelmente, para Antonio Cappelletti, que é quem passa a se anunciar no mesmo endereço. É curiosa  a coincidência a coincidência do seu nome com o de outro fotógrafo, Fritz Bartels,  em atividade em Belém do Pará no ano de 1889. Não foi possível determinar se se trata da mesma pessoa ou se  porventura existia alguma relação de parentesco entre ambos.Ver BARTEL, F., CAPPELLETTI, A., FEIGL, F.     
  
Referência: KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.
Endereço: Rua Pereira Pinto, 6. Vitória, ES. 1896.
FonteCommercio do Espirito Santo.

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