Nasceu
em Cachoeiro de Itapemirim (?). Faleceu em Vitória, na década de 1940.
Fez
os estudos primários e secundários na cidade natal No início do século XX,
transferiu se para Vitória, onde instalou um estúdio fotográfico denominado Foto-Film. No entanto, algumas
informações da imprensa afirmam que atuava como fotógrafo desde 1881,
provavelmente em Cachoeiro de Itapemirim.
Em
1909, tornou-se fotógrafo oficial do governo de Jerônimo Monteiro, de quem era
amigo e conterrâneo. Nessa função, além de retratos de autoridades e de
representantes da política, registrou as intervenções executadas no tecido
urbano de Vitória, reformas e transformações dos monumentos históricos, como do
antigo convento jesuítico e na igreja de São Tiago, bem como no seu entorno,
obras que dariam origem ao atual Palácio Anchieta.
Vista geral das praia de Vila Velha e Inhoá. Autor: Arcesislau Soares. Data: Cerca de 1908. Dimensões: 9x14 cm.(Bilhete postal). Acervo: Olga Couto. |
Praça 8 de Stembro.
Autor: Arcesislau Soares.
Data: 1912.
Dimensões: 16x22,5 cm; 17,8x23,8 cm (suporte).
Acervo: arquivo Público do Estado do Espírito Santo.
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Arcesilau
Soares expôs na Casa Samorini, um dos seus últimos trabalhos de paisagem da luz
e pelo gosto da perspectiva. Este artista pretende trabalhar agora também no
gênero de photographias electricas, cobrando a dúzia de retratos a 2$000, para
atender a pedidos de sua freguesia. (1)
No
ano seguinte, o fotógrafo expunha os seus trabalhos numa vitrina de outra casa
comercial:
Acha-se
em exposição na vitrine do café Rio Branco uma nítida collecção de photographias,
trabalho do sr, Arcesislau Soares, hábil photographo, residente nesta capítal.
(2)
Em
1918, o empreendimento fotográfico de Arcesislau Soares tem a sua razão social
mudada para Photo Iris, de Soares
& Cia, conforme citam os anúncios publicitários:
lnstallou-se
nesta capital um excellente atelier de photographia, à rua 1 de março n. 3. À
frente desse estabelecimento de arte photographica, acha-se o conhecido artista
photographo Arcesislao Soares, o que é urna garantia de que o Photo lris poderá
desempenhar quaesguer trabalhos concernentes ao mister. (3)
As
propagandas oferecem algumas informações sobre a especialidade do fotógrafo:
Photo Iris, de
Soares & Cia - executa-se com perfeição
qualquer trabalho concernente à arte. Retratos em todos os tamanhos e em
diversos systemas - a óleo, crayon, aquarella. (4)
Seguem-se
as exposições realizadas pelo fotógrafo, anunciadas pela imprensa local:
Em
exposição no mostruário da Marcenaria Brasileira de Buzatto & Companhia,
encontra-se um retrato do sr. Arthur Bernardes, trabalho a lápis, obra que
muito recomenda o seu autor Arcesislau Soares. (5)
Em
1920, o Diário da Manhã, publicava a
seguinte nota publicitária:
O
conhecido e apreciado photographo Arcesislau Soares expoz na casa Samorini um
dos seus ultimos trabalhos de paysagem photographica, no qual se revela impecavel
pela distribuição da luz e pelo gosto da perspectiva.
Esse
artista pretende trabalhar agora, tambem no genero de photographias electricas,
cobrando a duzia de retratos a 2$000, para attender a pedidos de sua freguesia.
(6)
A
imprensa exalta a habilidade do fotógrafo nos retratos retocados:
Em
exposição, no mostruario da Marcenaria Brasileiro de Buzarro & Cia.,
encontra-se um retrato do sr. dr. Arthur Bernardes, trabalhado a lapis, obra
que muito recomenda o seu autor Arcesislau Soares. (7)
Em
1927, por solicitação do governo local, registrou todas as etapas da construção
da "ponte que ligará Vitória ao continente", desde o lançamento do
primeiro caixão metálico até os convidados e o público presente ao evento. (8)
Victoria Orly.
Autor: Arcesislau Soares.
Data: 21/02/1917.
Dimensões: 17x11 cm.
Acervo: Bernadette e Olga Rubim
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Nessa época, ainda elaborava trabalhos para o governo local, uma vez que realizou um ampla iconografia sobre o alagamento e calçamento da Avenida Vitória. (9)
Embora
não conseguíssemos localizar nenhum familiar do fotógrafo para obter maiores
informações sobre este profissional, a revista Vida Capichaba informa que
Arcesislau Soares foi retratista da Policia Militar, durante muitos anos. Cita
ainda que, no início do século, casou-se com uma moça da família Busato, com a qual
teve um filho chamado Ciro Soares. No final dos anos 1920, Soares residia e
trabalhara na Praça da Independência, 42 (atual Costa Pereira), em Vitória:
Photo-Film: O Sr. Arcesislau Soares, competente artista, a quem devemos uma grande parte da reportagem photographica do presente número especial, acaba de inaugurar à Praça da lndependência, esquina da Rua do Oriente, um bem montado atelier para execução de todos os trabalhos concernentes à sua arte. Dada a reconhecida capacidade profissional do seu proprietário, o seu estabelecimento, que se denomina Photo-film, merecerá, por certo, a preferencia da nossa elite social. (10)
A
moda da fotopintura, cada vez mais difundida a partir do início do século XIX,
faz com
que Arcesislau se associe, em 1928, ao pintor e fotógrafo local Pedro
Mandarino, voltando o empreendimento a ter a denominação anterior de Foto-Film,
agora especializado em retratos em branco e preto, retocados ou redesenhados a
crayon, trabalhos que eram assinados a lápis com os dizeres:
Nazira Milled Salviato.
Autor: Atelier Artístico Soares & Mandarino.
Victoria. Data: 1928.
Dimensões: 48x37 cm.
Acervo: Dilu Salviato.
Reprografia: Jore Fagundes.
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Ateliér (sic) Artistico
A. Soares & Mandarino
Victoria (11)
Era
também especializado em retratos coloridos com aquarela, segundo informam as
propagandas. Embora a maior parte desses anúncios pouco esclareça sobre a
especialização dos fotógrafos, limitando-se a informar mudanças de endereço ou
alterações na aparência da oficina, conforme se depreende nos textos que transcrevemos
abaixo, a análise de alguns retratos desse estúdio - que conseguimos localizar-nos
autorizam a destacar a sua qualidade, seja na singularidade das composições,
nos efeitos de claro e escuro e na exímia habilidade com que manejavam os lápis
e os pincéis:
Arcesislau
Soares e Pedro Mandarino, hábeis fotógrafos desta capital, mudaram o seu atelier
para a Rua Pereira Pinto nº 18, sobre a Casa Busato, que em ligeira visita que
lhe fizemos tivemos oportunidade de ver magníficas ampliações e o gosto e arte
desses competentes profissionais. (12)
No
mesmo ano, publicam novo anúncio do Foto-Film
de Arcesislau Soares e Pedro Mandarino, que funciona agora à Rua Jeronymo
Monteiro, 77 (Vitória):
avisam
aos seus clientes que mudaram o seu gabinete fotográfico para aquele endereço
(em cima da confeitaria Balbi). Nessas modernas instalações estão aptos a
atender todas as exigências do seu ramo artístico. Nesse atelier executam-se
quaisquer trabalhos fotográficos. (13)
Ainda
no mesmo ano de 1928, é registrada a sua participação como membro da diretoria
da Loja Maçônica União e Progresso.
Notas:
(1) Diário da Manhã, 26 out. 1910, p.2;23 dez. 1910, p.3. O nome do fotógrafo
aparece grafado nos jornais como Arcesilau, Arcesislau e Arcesilslao.
(2) Id.
Ib. 7 abril 1911,p.2.
(3) “Photo Iris”, Id., 24 set. 1918, p.2.
(4) Diário
da Manhã, 10 out. 1918, p.4. O empreendimento com o nome de Foto Iris foi
alterado novamente para Foto-Film, na década de 20. A década de 50, ainda
existia um estúdio denominado Foto Irís, mas pertencente a José Accioly, e
estava instalado na Rua Jerônimo Monteiro, 69.
(5) Diário
da Manhã, 23 dez. 1922, p.3.
(6) “Arte photographica”, Id. Ib. 30 out. 1920 p.3.
(7) Id.
23 dez. 1922. p.3.
(8) Vida
Capichaba (92), 23 maio 1927.
(9) Id. (181). 30 jun. 1929.
(10)
Id. Ib., (92), 23 maio 1927.
(11)
Anotação transcrita de um retrato do ateliê citado.
(12)
“Atelier Artístico”, Vida Capichaba, (116), 15 março 1928.
(13)
Id. Ib., (127), 31 maio 1928.
Referência:
LOPES, Almerinda da Silva. Memória
aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba, 1850/1950. [Vitória, ES]:
EDUFES, 2002.
Fontes: Acervo
fotográfico do Arquivo Público do Estado do espírito Santo e do Arquivo Público
do Município de Vitória.
Diário da Manhã,
1907-1936.
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