segunda-feira, 28 de maio de 2018

DANIEL ROSA

Nasceu em Vitória, em 14 de junho de 1893. Faleceu em Castelo, em 18 de setembro de 1959. Filho de Juvenal Rosa e Altina Rosa, os quais mudam-se no início do século XX para Castelo, na esperança de conseguir melhores condições financeiras para sustentar os nove filhos.
Residência de imigrantes italianos, em Castelo.
autor: Foto Rosa, de Daniel Rosa.
Data: 1934.
Dimensões: 12,5 x 17,5 cm.
Acervo: Alcione Dias.
Em Castelo, Daniel trabalhou vários anos no comércio. Casou-se com lris Cassilhas Rosa, em 1920, com a qual teve dezessete filhos. A família numerosa obriga-o a tentar encontrar uma atividade profissional mais rentável. Atua como barbeiro, algum tempo. No início dos anos 30, adquire um bar, e, nas horas vagas, torna-se gerente e operador do projetor de filmes no cinema local, denominado American Cine, cujo proprietário era Antero Rodrigues. O cargo que exercia fora anteriormente ocupado por Ludovico Persici. Essa atividade parece ter-lhe despertado o interesse pela fotografia. Aprende a fotografar e começa a circular por fazendas da região à procura de freguesia ou atendendo a pedidos. Depois de estagiar algum tempo com Alfredo Mazzei - considerado um dos mais experientes e conceituados fotógrafos de Vitória, desde a metade da década de 1920 - abre um empreendimento fotográfico no centro de Castelo, denominado Foto Rosa, tornando-se o primeiro fotógrafo profissional fixo da cidade. Entre outras coisas, aprendeu a compor, a obter melhores efeitos de luz e sombra e a retocar. Deslocava-se agora a cavalo, com o pesado equipamento (um tripé para montar a câmara e chapas), circulando por fazendas, entre elas uma denominada "Centro", e por povoados de toda a região, num raio de atuação que chegava até Venda Nova, demorando-se aí um pouco mais, permanecendo na casa de Celeste Cola, onde retratava imigrantes. Intercalava as viagens com estadias em Castelo, para atender aos pedidos locais, uma vez que não havia ali nenhum concorrente. Atendia também a chamados para documentar casamentos, aniversários e outras festividades sociais e religiosas das redondezas. Foi também muito requisitado na época de eleições, elaborando retratos para os títulos de eleitor, trabalho que exigia que empreendesse longas e demoradas viagens para atender a todos os pedidos. Trazia os filmes para revelar e reproduzir as imagens no laboratório que mantinha em Castelo. Todo o material utilizado era importado da Inglaterra, transação que era facilitada pela empresa de Arquilau Vivacqua, rico comerciante local, o que garantiu a durabilidade dos retratos e permitiu conquistar a confiança dos fregueses, por mais de 30 anos. Nos anos 1940, embora continuasse como o fotógrafo preferido dos castelenses, a cidade crescia, mas, o trabalho foi se tornando mais escasso. Daniel Rosa enfrenta agora a concorrência não somente de outro profissional que se estabelece na cidade, mas também a competição das câmaras automáticas, que banalizam a fotografia, tomando-a cada vez mais uma mercadoria produzida em escala industrial.
Continua ainda a lutar pela sobrevivência através da arte fotográfica, trabalhando somente no estúdio fixo, dedicando-se cada vez mais, quase que exclusivamente, à elaboração de retratos para documentos, até o fim da vida.   
Referência: LOPES, Almerinda da Silva. Memória aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba, 1850/1950. [Vitória, ES]: EDUFES, 2002.
Fonte: Depoimentos escrito e oral concedidos por dona Marina Rosa e Aldomário Rosa, nora e filho de Daniel Rosa, à autora.


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